29.3.10

Tema: Reforma


Muitos “reformáveis” estão em condições de produzir

É irónico que o aumento da esperança de vida, uma das grandes conquistas da sociedade ocidental que corporizam o sonho de imortalidade que o homem sempre perseguiu, surja neste momento também como um dos grandes pesadelos dessa mesma sociedade. Ao aumento dos anos que podemos viver está a corresponder uma drástica diminuição dos nascimentos (que muitos historiadores apontam hoje como uma das causas do declínio do império romano) que fará que dentro de uns anos seja impossível que quem tem força para trabalhar consiga sustentar todos aqueles que deixaram de o fazer, devido à idade e a incapacidades várias que a idade traz. A apregoada falência da Segurança social é hoje uma realidade muito próxima e nenhum governo, nenhuma administração, nenhuma política, parecem saber para onde virar agulhas para inverter esta situação. As medidas que estão a ser postas em prática não passam – todos os sabemos - de meros paliativos para adiar uma morte anunciada. Quando a geração que está a entrar nos 40 anos chegar à idade da reforma pura e simplesmente não haverá dinheiro para a sustentar. Prolongar o tempo de permanência na vida activa será com certeza uma boa solução – para quem tiver saúde e vontade de continuar a produzir. Mas talvez seja tempo de invertermos mentalidades e deixarmos de olhar para os velhos como um peso a suportar. Ao aumento da esperança de vida corresponde também em muitos casos, um aumento de qualidade de vida – é possível prevenir e curar muitas doenças e «maleitas» até há pouco consideradas incapacitantes, o que significa que muitos dos «reformáveis» estarão em condições de continuar a produzir. Talvez não na mesma profissão. Talvez não na mesma quantidade. Mas haverá com certeza actividades laborais que podem ser desempenhadas sem grande esforço por quem tem mais idade mas também mais experiência. E vontade para continuar. Ser mais velho não significa ter de parar.

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