9.3.10

Tema: Ambiente

Ribeiro do Ferronho
Volfrãmeo
Galena

O Ribeiro do Ferronho
“Um dos ribeiros do Paraíso”

Situado no nordeste transmontano, na Freguesia de Mós, Concelho de Torre de Moncorvo, Distrito de Bragança. O ribeiro do Ferronho é um dos afluentes da margem esquerda da ribeira de Mós, na minha opinião um dos cursos de água mais selvagens do nosso país, percorrendo montes e vales, com um percurso muito sinuoso, onde correm as águas mais limpas e cristalinas do concelho. Da nascente até à foz dista uma distância de mais ou menos 10 kms. Nasce no fundo da Quinta de Odreira, no Vale de Galegos e limítrofes, passando pelo Castelo de Ferronho, Minas do Ferronho, Codixeira, Palinha, Eirinhas e desagua na ribeira, a sul da Chapa Cunha.



Até finais dos anos 60 o ribeiro estava muito poluído, devido à importante actividade mineira, designadamente nas minas do Ferronho, onde eram extraídos vários minérios como: Galena (sulfeto de chumbo”PB”), Salitre (nitrato de sódio “NA) e Volfrãmeo (tungsténio “W”). Estes tinham várias utilizações, no vidro, cerâmica, fertilizantes, explosivos, ligas metálicas duras, etc. A extracção era feita a céu aberto e em mina, na altura deu trabalho a muitas pessoas da terra e da minha família, inclusivamente os meus Pais. O minério era transportado à cabeça e ao ombro, em sacos de 50 kgs cerca de 1 quilómetro, ravina acima até ao respectivo transporte. Lembro-me perfeitamente que ao passar o ribeiro, a cavalo na mula, para ir à escola, reparava que a água ia toda turva, derivado à lavagem dos minérios. Entretanto estes perderam importância por falta de competitividade e a mina acabou por fechar. Na área da agricultura, aconteceu de forma idêntica. Como não houve novos investimentos, e como era uma agricultura tradicional e de subsistência, as pessoas novas emigraram, outras foram para a cidade e só ficaram os mais velhos. Hoje o ribeiro e as áreas circundantes voltaram à Idade Média, encontrando-se em estado selvagem. Neste, abundam os escalos, um peixe característico destas águas, sendo este muito saboroso. Nos montes predominam os javalis ou javardos. Segundo reza a história, já na Idade Média (Foral doado a Mós pelo rei D. Manuel) os escalos e os javardos tinham fama, como alimento tradicional da época, sendo muito apreciados localmente.





Nas margens do ribeiro abundam os salgueiros, os amieiros, os choupos e os negrilhos ou olmos. Nas encostas, as estevas, as giestas e principalmente os carrascos. Na zona da Palinha e nas Fragas do Ferronho também estão inscritas várias pinturas rupestres, mas são pouco conhecidas.

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