4.2.10

Comentário caminhada serra de S. Francisco

Afinal o S. Pedro deu-nos tréguas. Depois de algumas semanas de inverno, com frio, vento e chuva, que há vários anos não se via, lá foi o nosso grupo a caminho da serra de S. Francisco e terras de Alcube. Com quatro novos estreantes nestas lides, a Rute, o Kiko, a Ana Bela e o Afonso. Este caminhante com apenas seis anos de idade, percorreu os doze kms do percurso sem problemas, tomando bem conta de si, dando-nos uma lição de persistência, tenacidade e esforço, galvanizando o conjunto, e ás vezes tomando ele a iniciativa, criando de certo modo um espírito competitivo e coeso. É com este tipo de atitude positiva e ganhadora que o “cafeína actividades” fica mais sensível para criar novas iniciativas, despertando os jovens e não só, para o problema do meio ambiente, proporcionando-lhes momentos de lazer e descontracção, e um convívio sadio e agradável.


Começámos o percurso na Capela das Necessidades, seguindo o alto da serra em direcção à serra do Louro. Aqui e ali amendoeiras em flor anunciando a Primavera, campos e campos pintados de verde, regatos de água correndo e ao mesmo tempo serpenteando pedras e declives direito ao Vale dos Barris, pronunciando o fim da seca. De vez em quando motos quatro a passarem a toda a velocidade fazendo um barulho ensurdecedor, deixando no ar um cheiro desagradável e nauseabundo. No meu entender estes veículos deviam ser proibidos em certas zonas da floresta, porque são perigosos para os caminhantes, degradam os trilhos e afugentam os animais selvagens no seu habitat natural. Já na zona dos moinhos virámos á direita a descer para o vale. Aí numa antiga estrada de macadame, marcada pelas rodas de antigos carros de animais, detectámos vários fósseis de animais marinhos, cascas de ostras e conchas. Esta zona há milhões de anos, seria coberta pelo oceano.


Mesmo em frente a serra de S. Luís, com a sua vegetação característica mediterrânica, dominada pelo carrigue. Nas ladeiras viradas a sul, plantadas de oliveiras, amendoeiras e figueiras, águias voando em círculos, aproveitando as correntes de ar, fazendo voos rasantes e estonteantes procurando o seu par, para o respectivo acasalamento.


No fundo, a Quinta do Alcube, onde se produz o famoso queijo de Azeitão e o delicioso moscatel de Setúbal. Filas de choupos definem os contornos da ribeira do Alcube, passando pela zona do Carrascal e desaguando no Vale da Rasca. E assim chegámos ao fim do percurso, mais concretamente ao Alto das Necessidades. Daqui a vista é mirabolante e espectante, avistando-se toda a península de Setúbal, Lisboa, serra de Sintra e Cascais.


A Ermida de Nossa Senhora das Necessidades e Cruz das Vendas, foi construída no século XVIII por Manuel Martins, para albergar a Cruz das Vendas, esta, continua no seu interior. Belíssimo cruzeiro gótico, com cruz floreada, que ostenta Cristo crucificado numa das faces e na outra uma Pietá.

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