Estamos sempre a caminhar! Para algum lugar, para um objectivo, por uma promessa ou uma ascensão intelectual e senão nos identificar com algum destes estados, caminhamos para a morte!
Mas o caminhar que venho tratar é o caminhar por caminhar, é o caminhar sem preocupação, é o caminhar sem obrigação, sem obstáculos intransponíveis, é um simples caminhar. É um caminhar pela natureza de uma serra, floresta, vale, pela margem de um rio ou mar, por caminhos outrora usados por alguém de outro tempo ou por outros ainda virgens. Por trilhos que assinalam no seu percurso que por ali alguém caminhou, por locais repletos de histórias e Histórias passadas, contadas e por contar!
Mas este simples caminhar por ser simples, não nos deixa imunes à paisagem agreste, selvagem, inóspita, verde, azul…que nos acolhe, esta entra no nosso pensamento ocupando os pulmões, verbalizando-se através de palavras e gestos em harmonia com o que nos envolve!
Este caminhar por ser simples, socializa as nossas acções incluindo-nos num grupo que, grande ou pequeno, caminha sem ansiedade de chegar ao fim, respeitando a aptidão física e emocional de cada caminhante, não escolhe idades, tem espaço para todos, não exclui os menos aptos, convida-os!
Este caminhar por ser simples, marca na pele indefinidas tatuagens protagonizados pelos ameaçadores e persistentes carrascos, a terra agarra-se nas botas como se ali fosse frutificar, as rochas traiçoeiras esperam pacientemente o deslize dos caminhantes que por elas passam!
Este caminhar por ser simples, reflecte na cara o sol que às vezes é chuva intensa ou vento frio, fazendo-nos esquecer as trivialidades do quotidiano.
Este caminhar por ser simples, transporta-nos para uma outra dimensão, para um ambiente que facilmente nos absorve em todos os seus recantos escondidos, o olhar perde-se no verde horizonte ou no azul do grandioso oceano, porque aqui as serras vivem junto do mar e apesar das suas diferenças fundem-se um no outro como homem e mulher!
Bruno Ribeiro
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